Na versão ‘Fiel’, Marcos 4.31-32 se lê assim: “É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra; mas, tendo sido semeado, cresce; e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da sua sombra.”
A tradução, ‘a menor de todas as sementes que há na terra’, é lamentável e enganadora. O Texto diz, ‘das na terra’, repetindo a frase acima, mas sem o verbo. O Senhor não estava fazendo uma declaração botânica de âmbito global, como o verso seguinte deixa claro. Ele estava se referindo a hortaliças que se plantavam em hortas no tempo e na área dEle, e de
tais plantas a semente de mostarda era a menor. Alguém querer objetar que tabaco e orquídea têm sementes menores seria errar o alvo. Eu traduziria assim: “É semelhante a um grão de mostarda, que quando é semeado no solo é a menor de tais sementes, mas uma vez semeada, cresce e se torna a maior de todas as hortaliças, e cria ramos grandes, de sorte que os pássaros do ar podem descansar debaixo de sua sombra.”
O verbo que traduzi como ‘descansar’ é uma forma composta. O substantivo que fornece a base diz respeito a um abrigo temporário, como uma tenda ou um papiri. A forma verbal significa fazer uso de tal abrigo. Mas aqui a preposição kata é prefixada ao verbo, enfatizando o fator temporário, ou assim imagino. O Texto diz que os pássaros podem usar a sombra, não os ramos. Mas a sombra se move, por causa do sol e do vento – como seria
possível construir um ninho numa coisa que sempre se move?
Estas observações valem também para Mateus 13.32, exceto que ali os pássaros descansam nos ‘ramos’, em vez de a sombra. O verbo é o mesmo, e o trato da mesma maneira, ‘descansar’, em vez de ‘aninhar-se’, embora ‘aninhar-se’ seja uma tradução possível.